A melhor apresentação para este longo e impactante depoimento do padre Gabriele Amorth cuja redação final coube a Paolo Rodari, um dos melhores vaticanistas da atualidade poderia se resumir ás palavras de São João Crisóstomo, na segunda homilia do seu De diabolo tentatore: Não é para mim nenhum prazer falar-vos do diabo, mas a doutrina que este tema me sugere será muito útil para vós. Em pleno império do relativismo, em plena modernidade acrítica, quando parcela da própria Igreja Católica encontra-se impregnada de secularismo e laxismo, este livro tem o poder, nem um pouco desprezível de reapresentar aos homens a materialidade do Mal.
Padre Gabriele Amorth, exorcista da diocese de Roma desde 1986, arranca Satanás do confortável anonimato em que o colocaram estado, aliás, pelo qual o demônio nutre exultante predileção para apresentá-los sem mascaras filosóficas ou atenuações teológicas, vivo e atuante sob o sol de um século pagão e idólatra.
Mas em meio a dramáticos casos de possessão, a depoimentos que vão muito além do que certa arrogante parapsicologia pretende explicar com infantil serenidade, o que mais impressiona é, no Capitulo 7, a figura do cardeal refestelado em sua sala de estar, pronto a sugerir: O senhor faz o trabalho de exorcista, mais nós dois sabemos que Satanás na o existe, não é verdade?. Ironia que encontra uma resposta adequada na afirmação de Paulo Vl, em 29 de junho de 1972: Tenho a sensação de que, por alguma fissura, a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus.