Deve-se ter em conta que na espiritualidade cristã cabe distinguir uma dupla vertente.De um lado existe um núcleo fundamental, que não mudou e nem mudará jamais até o fim dos tempos. Ninguém se santificará jamais sem sua incorporação a Cristo através da graça santificante, dos sacramentos, da prática das virtudes sobrenaturais etc. Sobre isso não cabe a menor dúvida. Porém, na aplicação concreta desses elementos essenciais da vida cristã aos homens imersos em uma determinada época da história, é imprescindível ter em conta as circunstâncias infinitamente variáveis que os rodeiam. Há um abismo, por exemplo, entre os procedimentos de santificação empregados pelo monaquismo primitivo, pelos frades medievais e pelos modernos institutos seculares de perfeição — passando pelas mil circunstâncias históricas intermediárias —, embora o núcleo fundamental permaneça sempre o mesmo e idêntico para todos.
Naturalmente, nem todos os autores e obras historiadas têm a mesma importância e tampouco exerceram idêntica influência na espiritualidade posterior. Por isso acolhemos,com a máxima extensão que nos permite o escopo desta obra, as figuras verdadeiramente importantes e fundamentais — Santo Agostinho, São Bernardo, São Tomás de Aquino, São Boaventura, Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santo Inácio de Loyola, São Francisco de Sales, Santa Teresa do Menino Jesus etc. —, reunindo em segundo plano e com menor extensão as de influência menos brilhante.
A totalidade dos dados biográficos e doutrinais que o leitor encontrará em nossa obra foram tomados das obras originais — quando nos foi possível utilizá-las diretamente — ou dos autores que as tenham historiado antes de nós. Não “inventamos” absolutamente nada por nossa conta. Tivemos — isso sim — particular cuidado em indicar em cada caso a fonte de onde tomamos nossos dados, a fim de dar a cada um o que lhe corresponde — suum cuique —, como manda e exige a justiça mais elementar.